segunda-feira, junho 01, 2015

RELAÇÃO





Sempre achei minha relação com o mundo um tanto conturbada.
Desde sempre nunca entendi meu papel nessa vida. Qual o propósito de ser, aquele sentido da vida pra mim sempre foi muito vago. A vida pra mim sempre foi muito vazia.
Quando a gente vai crescendo, vai entendendo algumas merdas que as pessoas insistem em nomear como "coisas da vida". "Ah, são coisas da vida. Acontece!". Não entendo essa frase, não entendo o sentido de culpar o acaso por ações de seres viventes. Nós somos uma merda!
Desde pequeno sempre fui um pé atrás com essa ideia que chamam de "Deus". Aquele ser maravilhoso e fantasioso que ama a todos acima e apesar de tudo, mas que nunca realmente provou ajudar quem buscou o socorro em preces cheias de palavras vazias. "É o karma da vida, você precisa passar por isso para entender lá na frente o significado dessa situação. Por isso Deus não atende suas preces da forma que você quer". Ouvi muito isso e até cheguei a acreditar algum tempo. Mas acho que, pra mim, essa é a prova irrefutável que não existe nada nem ninguém cósmico espiritual ou que nome exotérico queiram dar. Não há resposta porque não há nada lá. Ou melhor, há o nada, o vazio.
De um tempo pra cá a tão desejada liberdade me seduziu. Comecei a entender os vários significados que essa sensação possui, as artimanhas que ela oferece e o quão a vida pode ser resumida em um único momento de sentimento de liberdade. Ultimamente ela tem sido amarga, obscura e esmagadora na minha consciência. "Liberdade de expressão" "Liberdade de amar" "Liberdade". Acho que nunca amei ou soube amar e, até me dar conta ontem, há um tempo que não sei receber amor.
As "coisas da vida" que aconteceram pra mim me ensinaram que o grande mal da humanidade é a própria humanidade. O problema do mundo não é a fome, não são as guerras, a seca, desastres naturais ou meio mundo se abrindo em fogo infernal. O grande mal do mundo são as pessoas. E tem sido esta lição que tenho aprendido nos últimos anos.
Desde pequeno sempre me ensinaram a temer a algo que não existe, respeitar os mais velhos, ser bom, honesto, generoso, compreensivo, amar e ajudar o próximo. Até que tenho tentado com algumas falhas no caminho, mas na minha perspectiva atual, parece que esqueceram de ensinar isso pro resto do mundo. Falta reciprocidade.
"Gentileza gera gentileza".
"Amor acima do ódio".
"Atenção supera indiferença".
Em dias de tecnologia, o amor está morrendo.
E falo de todos os tipos de amor. O amor entre românticos, entre pais e filhos, entre velhos e jovens, entre seres humanos. É a Era Sintética. De quando ser forte é não demonstrar sentimentos, não mostrar que gosta, não se importar. Hoje em dia, valor se tem pelo que se possui e pela profissão que se exerce e não pelo que se é. Hoje, ser não vale nada.
Tenho percebido cada vez menos a sinceridade das pessoas, falta um amor de compaixão, fraternal. Onde está, de fato, o amor humano das pessoas?
Olho pros lados e vejo montes submersos em uma dita felicidade infinita, um amor sem igual de todos em volta, uma plenitude inabalável. E aí então me olho, me vejo e me observo de dentro pra fora. O que há de errado comigo? Por que essa tão vivida felicidade passa por todos e desvia-se de mim?
"Paciência. Um dia as coisas acontecem pra você."
Hum! Acho engraçado. Às vezes até me parece que estou jogando minha vida pros outros. Me drenando para vivenciar ilusões de felicidades, me afogando em vazios e me afundando cada vez mais na escuridão em que me impus. Na verdade, acho que me tornei a minha própria escuridão e agora não sei mais como sair dela. Se é que há saída.
Cheguei em um ponto de extremos. E é nesse momento que paro para pensar mais atentamente, rever todos os conceitos, ações, relações, tudo o que está atrelado a mim.
A liberdade me mostrou que o mundo está podre.
A liberdade me mostrou uma verdade que eu não suporto vivenciar todos os dias.
Odeio sentir.
E quando se odeia a principal característica daquilo que se é, naturalmente, é hora de procurar ajuda.
Não acho que seria capaz de acabar com minha vida, sou muito racional pra isso, eu me importo demais. Mas é chegada a hora de um fim de fase.
Me despeço de quem fui, de quem sou e busco entender quem passarei a ser a partir de agora.
Espero me importar menos, mas, como eu disse, isso só demonstra o quanto eu me importo.
Droga, eu me importo demais! 


P.S.: Não sei porque trouxe isso a público. Talvez porque me importe demais para pedir ajuda das pessoas diretamente. Não consigo entender. Perdão!

L. G. Melo

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